Com a promulgação do Decreto sobre o
milagre, tem-se a certeza da canonização do Bem-aventurado Farina. Acontecerá,
certamente em Roma, mas, por motivos ligados ao procedimento canônico ainda não
se sabe a data. Pois, como a proclamação de
um santo é uma declaração do Magistério infalível da Igreja, o Santo
Padre terá que convocar um Consistório Ordinário durante o qual confirmará
oficialmente o parecer dos Cardeais e dos Bispos que aprovaram o milagre e
anunciará a data da futura canonização.
O milagre do Bem-aventurado Farina e a certeza dos pobres
Kumari havia sempre em mãos aquele
santinho já todo machucado, olhando a imagem do bispo que lhe tinha dado tanta
forçano momento em que a deixaram sozinha, isolada num quartinho para dar à
luz, sem médico e sem os instrumentos / equipamentos necessários; tudo isso porque,
disseram: “está infeccionada”.
Os médicos e os enfermeiros tinham
certeza que ela teria morrido na hora do parto, pois, a hepatite B contraída
durante a gravidez provocaria hemorragia inestancável da qual seria impossível
salvá-la.
Ademais o feto tinha a probabilidade de
danos neurológicos os quais comprometeriam de forma irreparável o sistema
nervoso central. A situação da mãe era gravíssima também por causa de outras
complicações que foram aparecendo nas últimas semanas da gestação, tanto que dois hospitais se recusaram interná-la
alegando não terem estruturas adequadas para tal caso.
E quando o pároco do vilarejo se dispôs
interná-la no hospital católico pensando: “pelo menos aqui não a rejeitarão”, o
médico da recepção/internação não queria recebê-la. “Vale a pena que o senhor
pague por esta senhora que, seguramente, morrerá de parto?” perguntou-lhe o
médico. E, diante da insistência do sacerdote, fez-lhe assinar o “termo de alto
risco”, também o esposo da senhora Kumari teve que fazer uma cruz no documento
como assinatura (era analfabeto).
Quase todas os trabalhadores do
vilarejo de Kuchipudi eram braçais e diaristas; viviam choupanas/casebres de
terra e palhas misturadas com esterco de búfalo,teto de palha de banana. Tais
casebres eram agrupados nas proximidades das grandes plantações de arroz e das
cultivações dos proprietários da terra.
Como todos os outros trabalhadores
também Kumari com os seus familiares encontravam trabalho somente no período da
plantação e colheita do arroz, tendo que deslocar-se constantemente de um
vilarejo para outro. Nos outros períodos do ano deviam procurar outros
possíveis expedientes (“fazendo bico”) a
fim de terem o necessário para a sobrevivência.
Quando, algumas semanas antes do parto
Kumari pediu dinheiro às Irmãs para pagar o médico e os exames clínicos, a
superiora, dando-lhe o necessário, apoiou na cabeça de Kumari, um santinho do
Bem-aventurado João Antonio Farina, convidando-lhe a pedir ajuda àquele Pai assegurando-lhe
que também as Irmãs rezariam por ela.
Assim, enquanto Kumari, no hospital,
corria perigo de vida, no seu vilarejo, o povo se reunia todos os dias na
Igreja para rezar; um dos catequistas que sabia ler recitava, frase por frase,
a oração do Bem-aventurado Farina, e todos repetiam as palavras em voz alta. No
momento do parto, quando a situação se agravou, acrescentaram a adoração
eucarística e o jejum, rezando juntos, católicos e protestantes, parentes e
amigos bem como outras pessoas que até aquele momento não tinham entrado numa
Igreja.
Não obstante as previsões dos médicos,
no dia 2 de setembro de 2001, nasceu a menina prematura, mas sadia e o parto
aconteceu inexplicavelmente positivo sem as temidas e inestancáveis
hemorragias. Após o parto, as condições de Kumari se agravaram por causa do
surto da hepatite e de outras complicações, porém, dias depois Kuamari
regressou à sua casa completamente curada, juntamente com sua filhinha, que foi
batizada com o nome de Giovanna em homenagem ao seu santo protetor.
Kumari contou que viu “aquele Padre”
momentos antes do parto: uma figura vestida de branco e tinha lhe dado muita
coragem e tanta paz.
A sua era a certeza dos pobres que si
dirigem a Deus porque não podem se defender sozinhos e “confiam neste Deus como
se ele lhes tivesse falado”. O Inominado
intuiu, e Kumari tinha a certeza: aquele Deus lhe responderia.
AlbarosaInesBassani
Postuladora.
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