segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Rumo a canonização





Na quinta-feira, dia 03 de abril de 2014 o Papa Francisco assinou o Decreto referente ao milagre necessário para a canonização do Bem-aventurado João Antonio Farina. A notícia foi comunicada pela imprensa da Santa Sé logo após a audiência privada concedida pela Papa ao cardeal Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.

Com a promulgação do Decreto sobre o milagre, tem-se a certeza da canonização do Bem-aventurado Farina. Acontecerá, certamente em Roma, mas, por motivos ligados ao procedimento canônico ainda não se sabe a data. Pois, como a proclamação de  um santo é uma declaração do Magistério infalível da Igreja, o Santo Padre terá que convocar um Consistório Ordinário durante o qual confirmará oficialmente o parecer dos Cardeais e dos Bispos que aprovaram o milagre e anunciará a data da futura canonização.

O milagre do Bem-aventurado Farina e a certeza dos pobres

“Deus, Deus, interrompe o Inominado, “sempre Deus: aqueles que não podem defender-se por si só, que não tem força, confiam sempre a este Deus, como se lhes tivesse falado”. (A. Manzoni, I PromessiSposi, cap. xxI)Também Kumari, uma jovem senhora ao nono mês de gravidez, pobre e analfabeta que morava num vilarejo/povoado do estado indiano: AndhraPradesh, pediu a Deus que lhe salvasse a vida, dirigindo-se a um Pai que ela não conhecia, mas que as Irmãs (Doroteias, Filhas dos Sagrados Corações) lhe sugeriram que o invocasse.

Kumari havia sempre em mãos aquele santinho já todo machucado, olhando a imagem do bispo que lhe tinha dado tanta forçano momento em que a deixaram sozinha, isolada num quartinho para dar à luz, sem médico e sem os instrumentos / equipamentos necessários; tudo isso porque, disseram: “está infeccionada”.
Os médicos e os enfermeiros tinham certeza que ela teria morrido na hora do parto, pois, a hepatite B contraída durante a gravidez provocaria hemorragia inestancável da qual seria impossível salvá-la.
Ademais o feto tinha a probabilidade de danos neurológicos os quais comprometeriam de forma irreparável o sistema nervoso central. A situação da mãe era gravíssima também por causa de outras complicações que foram aparecendo nas últimas semanas da gestação, tanto que  dois hospitais se recusaram interná-la alegando não terem estruturas adequadas para tal caso.

E quando o pároco do vilarejo se dispôs interná-la no hospital católico pensando: “pelo menos aqui não a rejeitarão”, o médico da recepção/internação não queria recebê-la. “Vale a pena que o senhor pague por esta senhora que, seguramente, morrerá de parto?” perguntou-lhe o médico. E, diante da insistência do sacerdote, fez-lhe assinar o “termo de alto risco”, também o esposo da senhora Kumari teve que fazer uma cruz no documento como assinatura (era analfabeto).
Quase todas os trabalhadores do vilarejo de Kuchipudi eram braçais e diaristas; viviam choupanas/casebres de terra e palhas misturadas com esterco de búfalo,teto de palha de banana. Tais casebres eram agrupados nas proximidades das grandes plantações de arroz e das cultivações dos proprietários da terra.

Como todos os outros trabalhadores também Kumari com os seus familiares encontravam trabalho somente no período da plantação e colheita do arroz, tendo que deslocar-se constantemente de um vilarejo para outro. Nos outros períodos do ano deviam procurar outros possíveis expedientes  (“fazendo bico”) a fim de terem o necessário para a sobrevivência.
Quando, algumas semanas antes do parto Kumari pediu dinheiro às Irmãs para pagar o médico e os exames clínicos, a superiora, dando-lhe o necessário, apoiou na cabeça de Kumari, um santinho do Bem-aventurado João Antonio Farina, convidando-lhe a pedir ajuda àquele Pai assegurando-lhe que também as Irmãs rezariam por ela.

Assim, enquanto Kumari, no hospital, corria perigo de vida, no seu vilarejo, o povo se reunia todos os dias na Igreja para rezar; um dos catequistas que sabia ler recitava, frase por frase, a oração do Bem-aventurado Farina, e todos repetiam as palavras em voz alta. No momento do parto, quando a situação se agravou, acrescentaram a adoração eucarística e o jejum, rezando juntos, católicos e protestantes, parentes e amigos bem como outras pessoas que até aquele momento não tinham entrado numa Igreja.
Não obstante as previsões dos médicos, no dia 2 de setembro de 2001, nasceu a menina prematura, mas sadia e o parto aconteceu inexplicavelmente positivo sem as temidas e inestancáveis hemorragias. Após o parto, as condições de Kumari se agravaram por causa do surto da hepatite e de outras complicações, porém, dias depois Kuamari regressou à sua casa completamente curada, juntamente com sua filhinha, que foi batizada com o nome de Giovanna em homenagem ao seu santo protetor.
Kumari contou que viu “aquele Padre” momentos antes do parto: uma figura vestida de branco e tinha lhe dado muita coragem e tanta paz.  
A sua era a certeza dos pobres que si dirigem a Deus porque não podem se defender sozinhos e “confiam neste Deus como se ele lhes tivesse falado”. O Inominado  intuiu, e Kumari tinha a certeza: aquele Deus lhe responderia.
AlbarosaInesBassani

Postuladora.